segunda-feira, 24 de agosto de 2009

V Fórum de Internet Corporativa





Aconteceu hoje o V Fórum de Internet Corporativa na PUCRS. Participei como ouvinte. Tenho procurado assistir a todo o tipo de evento que envolva novas tecnologias, redes sociais e netnografia e recomendo que você faça o mesmo. O problema é que muita gente vai nesses eventos achando que os palestrantes falarão coisas bombasticas tipo "o mundo vai acabar amanhã" ou "a televisão morreu". Quem comparece com esse espírito sempre sai decepcionado. Eu vi hoje algumas pessoas nessa situação. Bem, quem vai com esse espirito, não deveria ir. A idéia não é essa.

Expor temáticas complexas em uma hora é pura utopia. O que as pessoas fazem (e TODOS, sem exceção, o fizeram MUITO BEM) é, sim, proporcionar uma panorâmica do que estão fazendo em suas carreiras e colocar algumas pulgas atrás da orelha dos ouvintes. Abaixo transcrevo algumas divagaçoes e anotações sobre esta tarde corporativa.


A estrela da tarde: Pierre Lévy

[dica de navegação] quer ver melhor as imagens? clique-as!

A grand
e estrela da tarde (a mais aguardada, odiada por uns, amada por outros) era o filósofo francês Pierre Lévy (aliás, um dos autores chave da dissertação que estou escrevendo). Quem deseja entender Lévy à fundo, deve ler a sua obra (indicações ao fim desse post), e não esperar milagres em uma hora de conferência. Na verdade, queria ver o cara ao vivo, em carne e osso, de pertinho. O teatro do prédio 40 da PUC estava cheio, não fiquei pertinho, não consegui uma dedicatória no livro que levei, mas gostei bastante de ver ele palestrar. Lévy falou sobre a manipulação de simbolos, as ferramentas como herança cultural da humanidade, os novos sistemas de sinais que surgem, web semântica e a inteligência coletiva (segundo a qual a soma das inteligências particulares produz uma inteligência maior gerada pelo todo, somando aptidões, talentos e virtudes em prol do coletivo).

Para quem não pode comparecer, um pequeno vídeo de Lévy na PUCRS.



O filósofo citou, ainda, a lingua
como obstáculo (não conseguimos compreender o que os chineses postam em seus blogs e vice-versa - no que tange ao português versus chinês, por exemplo).



Pierre Lévy: "Inventamos coletivamente as ferramentas midiáticas."



Siga o mestre! Clique aqui.

Dominique Wolton (meu outro autor base, com quem já conversei e de quem gosto muito - assim como gosto de Lévy) que sempre acusa Lévy de ser um entusiasta cego teria ficado decepcionado com o discurso dessa tarde. Lévy se mostrou coerente e uma pessoa que sabe que evoluímos, mas ainda temos muito o que evoluir. Seu trabalho, atualmente, está focado na busca por um equilíbrio entre as diversas núvens de tags que nos rodeiam e muitas vezes atrapalham mais do que ajudam. Construir interfaces capazes de compreender e re-ordenar esse cáos é o desafio que o move atualmente. Desse modo, quando chegarmos a esse estágio, não importa se estivermos escrevendo em chinês ou português, se as tags não estiverem 100% coerentes, as informações ficarão mais claras, fáceis de serem encontradas e compartilhadas, afinal de contas, compartilhar é a palavra de órdem dos dias atuais.


Lévy apresentou a evolução da oralidado ao ciberespaço.

Um exemplo típico desses novos códigos e símbolos desenvolvidos pelo homem pode encontrar boa morada no Twitter. Afinal, quando utilizamos o símbolo de "@" para indicar um usuário, ou o símbolo de "#" para indicar uma tag temática, estamos criando juntos um novo sistema de comunicação.

Twitter, Orkut, Facebook, Myspace... Assistiremos ao nascimento cada vez maior de plataformas. Umas morrem - como o Second Life, outras estão na moda, como o Twitter. Lévy sabiamente propõe que nos desliguemos dessas plataformas e passemos a pensar no que está por detras desse FLUXO DE NOVIDADES.


Lévy e a evolução do ciberespaço.

O segundo papo do dia foi com Charles Bezerra da GadInnovation. Ele observou 3 pontos interessantes:

1- TECNOLOGIA MUTÁVEL (celulares, chips, arquiteturas abertas, redes sociais);
2- MECANISMOS (cada vez mais conectados);

3- COMPETIÇÃO (cada vez mais competitivos).

[mais sobre a GadInnovation, clique aqui]

Na revolução industrial tudo se dividiu (uma pessoa pregava o sapato, outra colocava o cadarço, outra embalava o produto, etc...). Agora, tudo volta a se conectar, tudo multidisciplinar, todos navegando em várias dimensões. Como sempre, a história se repete de forma cíclica.

INOVAR = fazer a pergunta certa na hora certa.

As perguntas são mais importantes do que as respostas.
- Para quem fazer?
- Por que fazer?
- Quando fazer?

TECNOLOGIA = POSSIBILIDADES

NÃO É FERRAMENTA = SÃO AS PESSOAS

Bezerra fez uma conexão mental excelente citando Charles Darw
in (1859) e dizendo que "sobrevive o mais adaptável". Perfeito, eficaz, na mosca! Gostei bastante dele e do que foi dito.

O próximo da lista foi Paulo Castro do TERRA. Ele apresentou vários
dados interessantes, resultado de pesquisas diversas. Destaco três deles (todos referentes ao Brasil):

1- Em 2007 se vendeu mais computadores do que aparelhos de TV;
2- Mais de 80% dos usuários BR utilizam alguma rede social;


3- O acesso à web cresce cada vez mais entre as classes CDE (e nem pense em fazer conteúdo diferenciado; esse povo quer tanta qualidade como o das classes ABC). O acesso se dá principalmente por meio de Lan Houses.


Castro apontou crescimento da banda larga e mobilidade.

Abaixo mais alguns dados importantes para reflexão.







Na metade do evento, foi a vez de Edmar Bulla da NOKIA. Honestamente, um cara meio arrogante (e olha que gosto de arrogantes). Ele apresentou o novo posicionamento da NOKIA para os próximos anos. Eles querem comer o fígado da Google. Estão se re-inventando, tendo um cuidado - diga-se de passagem muito pertinente - em não cair em miopias de marketing e observar que o negócio do futuro não é apenas telefones celulares, mas sim, transformar a marca em uma das mais queridas do público dentro do segmento digital. Isso envolve uma gama de serviços incluindo a venda de música (possivelmente querendo dar uma rasteira na Apple - isto é, no iTunes).


Nokia investe em estratégias para conquistar
o topo da pirâmide emocional dos digital natives.


Dentre os pontos levantados por Bulla:

1- A web não será, ela já é;

2- O consumidor é o veículo;
3- É imprescindível investir pesado em mídia social;
4- Deve-se pensar em relacionamento contínuo com o client
e e não em campanhas e ações isoladas de comunicação;
5- A máxima a ser seguida é: "UPTADE OR DIE!"


NOKIA quer conquistar o mundo!

Tirando a arrogância exagerada, gostei dessa postura guerreira da NOKIA. Acredito que esta ciranda toda beneficiará a todos nós, comunicadores, pesquisadores e ao público consumidor.

Parênteses: Sempre digo a meus alunos que o Twitter é uma potente ferramenta de trabalho. A NOKIA tem conquistado bons resultados. Mais uma sinal de que não estou errado em minhas colocações.

[dê uma espiada no site da Nokia no Brasil. clique aqui.]

Por fim, falou Caio Túlio. Dentre as inúmeras coisas que colocou, a que mais gostei foi a de que devemos pensar no exemplo da Google: aparentemente é um singelo mecanismo de busca. Na verdade, é hoje, além de uma marca respeitada, valiosa e grande geradora de receita, a maior agência de publicidade existente, pois consegue ganhar dinheiro aonde a maioria está patinando: na própria web. Isto prova que, estratégias inteligentes dão resultado (quem quiser entender mais sobre isso pode se servir da dica que dei do recente livro Free do Chris Anderson - que aliás esteve presente no IV Fórum no ano passado).



Palestrantes foram mediados por Sandra Carvalho,
Diretora do Núcleo de Tecnologia da Editora Abril.


Enfim, foi uma tarde prazeirosa. Várias pessoas bacanas se fizeram presentes. O corpo docente da FAMECOS compareceu em peso. Que eu tenha visto, pois estava cheio, destaco: Mágda Rodrigues da Cunha (nossa ilustre diretora que sempre me apioa em meus projetos), João Guilherme Barone (meu eterno mestre e amigo), Souvenir Dornelles (coordenadora do curso de Relações Públicas e querida amiga), Ana Brambilla (companheira de papos), André Pase e Marcelo Träsel (a dupla dinâmica da cibercultura), Vítor Necchi (grande parceiro), Cristiane Mafacioli, Tiago Ritter, Andréia Mallmann, Cláudia Moura, Rosane Santos (minha partner de bancas de mono), Eduardo Pellanda (que estava chique e desempenhou com maestria a condução do Lévy durante o evento) e minha amada amiga (aliás, uma das melhores amigas que tenho) Silvana Sandini.


Silvana Sandini e Eu


Nossos alunos também fizeram bonito. A equipe do nosso portal de conteúdo Espaço Experiência estava lá mandando ver, inclusive com cobertura pelo Twitter. Quer ver como foi? Clique aqui.

Linke-se!

* Site do Evento - clique aqui.

* Matéria publicada em ZH por Vanessa Nunes - clique aqui.

* Site do Caio Túlio - clique aqui.


Desligue a TV e vá ler um livro. Obras bacanas de Lévy que recomendo (clique nas capas para comprar e detalhes).








2 comentários:

  1. tá de blog, é bonitinhu?

    quero tá nesse blogroll, hein?

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  2. Bah Tici,

    Não sabia que você escrevia tanto...
    Belíssima cobertura.

    Abraços
    Jonathan

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